domingo, 6 de outubro de 2013

Introdução

 

A história do imigrante Kunimatsu Hagy (*1901 +1958)

24 de outubro de 1913. Nesta data, há mais de 100 anos, desembarcava no porto de Santos o menino Kunimatsu Hajii, 12 anos. Veio sozinho, sem companhia dos pais ou outros familiares, dando início à família Hagy/Hagi no Brasil.

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Kunimatsu Hagi, sem data.
Foto cedida por Mário Takeo Nagano.

Após algumas pesquisas na internet e conversas com minhas tias,  acabei descobrindo alguns passos desse imigrante, meu avô paterno. Decidi então fazer este blog, compartilhando o que descobri com os amigos, parentes e demais interessados.

Agradeço à minha tia, Toshiko Nagano, e à família Marubayashi, em especial à Mirian Marubayashi Hidalgo, pelas valiosas colaborações na elaboração deste blog.

Claudio M Hagi - (Neto de Kunimatsu Hajii)

cmh@netpar.com.br

Curitiba – Pr.

Kunimatsu e  Kinue Hagi-LR

Ojiitchan Kunimatsu Hajii, aos 29-30 anos, com o ichinan (primogênito) Yukinori no colo; Obaatchan Kinue Hagy com o jinan (segundo filho) no colo, Hagemo Hagi, meu pai. Foto de 1930-31. Foto gentilmente cedida por Toshiko Nagano, tambem filha do casal.

Nota - na época, fotografia era coisa muito rara, de forma que os fotografados vestiam suas melhores roupas ao serem fotografados. Meu avô vestiu até gravata, mas o fotógrafo, que teve o cuidado de colocar minha avó na cadeira, deixou meu avô de cócoras. Não era fotógrafo dos bons, cortou a ponta dos pés da minha avõ e deixou espaço sobrando sobre a cabeça, num clássico caso de mal enquadramento. Curiosamente, este erro de enquadramento foi muito valioso para mim, pois ajudou a identificar a casa. Mas, agradeço profundamente a este fotógrafo  desconhecido pelo trabalho, graças a ele tenho essa valiosa imagem.

O Japão no final do século XIX

O Japão no final do século XIX.

A situação beligerante do Jação no final do século XIX e inicio do século XX foi a principal causa da existencia dos Hagis no Brasil ….

No final do século XIX o Japão era uma nação prospera e sua maior atividade econômica era a industria (na época, manufatureira) e o comércio. O país exportava em grandes quantidades aos países próximos, principalmente China.

Oligarcas japoneses sentiram a necessidade de um domínio maior sobre a Ásia Oriental. Os ingleses mantinham domínio sobre suas colônias, tinham forte influencia sobre os indianos; os franceses e portugueses também tinham suas colônias; a Holanda, Itália, Estados Unidos, Bélgica e outros países tinham forte domínio e influencia pelo mundo afora. Por que os japoneses não poderiam agir da mesma maneira ? Pensaram então que poderiam tratar a China e Coreia da mesma maneira que os países do ocidente tratavam suas colônias e outros países. Surgiu então um forte sentimento de se formar um império sob o domínio japonês.

Outro motivo fez com que o Japão iniciasse seu imperialismo: a arrogância. Os japoneses consideravam o Japão a “terra preferida dos Deuses”, “a terra do sol nascente”, e que o imperador japonês seria um enviado dos Deuses, um personagem adorado e mistificado. Em 1868, o Japão anunciou aos Coreanos que o imperador japonês seria superior ao imperador coreano, devido a sua natureza sagrada. Os coreanos não reconheceram o enunciado, e para piorar a situação fizeram muitas piadas a respeito. O povo japonês ficou profundamente indignado pela “falta de respeito”, e iniciou-se então um estado de beligerância.

Finalmente, em 1870 o Japão iniciou sua invasão militar à Coreia, e ali se estabeleceu comercial e militarmente em 1876. Os japoneses passaram a controlar boa parte da vida dos coreanos: vários japoneses foram enviados (ou foram por livre vontade) para a nova “colônia”, e ali se estabeleceram. Dominaram à força o comércio e as finanças coreanas, e também praticavam extrativismo (minérios e ouro). Apesar disso, a Coreia ainda mantinha seu rei e era ainda uma nação “livre”, nos mesmos moldes em que a India e Africa do Sul não eram colônias inglesas, mas eram política, comercial e militarmente dominados pelos ingleses.

Em 1894 ocorreram violentas manifestações populares, anti-niponicas na Coreia. O rei da Coreia aproveitou a ocasião para solicitar apoio da China, a fim de acabar com a convulsão social. Era a oportunidade da Coreia para atrair os chineses em seu território, e quem sabe na sequencia, contar com apoio deles para expulsar os japoneses. A China enviou tropas para conter a população, mas com segundas intenções : o país também tinha interesse em dominar a Coreia.

Os japoneses consideraram a intervenção chinesa uma afronta, afinal tinham enviado tropas no “quintal” deles. O povo japonês clamava por retirada imediata dos chineses. Foi o argumento que os japoneses esperavam, o argumento para declarar guerra à China. No mesmo ano, 1894, o Japão invade o nordeste da China. Militarmente superior, rapidamente domina toda a região.

O Japão continuou com a sua expansão imperialista, dominando todo o pacífico sul, como pode ser visto no mapa :

Imperio japones

O império japonês perdurou até o final da Segunda Guerra.

Ocupação Japonesa na Coreia

 

Finalmente, em 1910, o Japão declara a anexação da Coreia ao Japão, deixando a Coreia de existir como país, passando a ser território japonês. Os japoneses passaram então a “niponisar” o território, fechando escolas coreanas, proibindo publicações em idioma coreano; obrigando os coreanos a aprenderem o idioma japonês, a batizarem o seus filhos com nomes japoneses, confiscando propriedades, etc.

A ocupação sino-coreana foi um triste capítulo da historia do Japão. Os japoneses cometeram violências extremas, mandando os homens aos campos de trabalhos forçados, promovendo fuzilamentos, e pior ainda, fazendo milhares de mulheres coreanas e chinesas de escravas sexuais. A violencia contras essas mulheres era tolerada, e até de certa forma oficializada. Elas eram enviadas aos quartéis japoneses com o horrendo título de “mulheres de conforto”.

Apesar da ocupação ter se encerrado há mais de 60 anos (1945), os coreanos ainda guardam rancores. Em 2006, por exemplo, o governo coreano instituiu uma comissão para descobrir quais coreanos haviam colaborado com os japoneses. Em 2010, após termino dos trabalhos da comissão, 170 descendentes de colaboradores tiveram alguns de seus bens confiscados.

No dia 10 de agosto de 2010, por ocasião do centenário da anexação, o primeiro-ministro japonês Naoto Kan, pediu desculpas formais à Coreia do Sul pela ocupação e lamentou o sofrimento infligido ao povo coreano. O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, afirmou então que as desculpas "representam um passo adiante", entretanto deixou claro que "ainda restam questões que devem ser resolvidas".

Esses episódios deixam bem claro que, quando o assunto é entre homens, ficam mágoas, odios, mas o tempo acaba amenizando tudo. Mas quando ocorre violencia contra as mulheres, aí a coisa muda de figura, parece que o perdão não acontece nunca.

Links sobre o assunto :

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft3003200104.htm

http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/conteudo.phtml?id=1286367&tit=Presidente-sul-coreano-pede-que-Japao-se-desculpe-pela-colonizacao

http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/ministro-sul-coreano-cancela-ida-ao-japao-devido-a-santuario

Envio de soldados aos territórios ocupados.

 

Evidente, para manter a ocupação colonial na China e Coreia, o Japão teve que enviar tropas ao local. E, como já foi citado, os soldados japoneses não tinham um bom comportamento, cometendo atrocidades contra os povos dominados.

Foi neste cenário que cresceu Kunimatsu, nascido em 1901. Ao completar 12 anos, estava quase na idade para se apresentar ao serviço militar japonês. Seria então enviado à Coreia ou China. Os pais de Kunimatsu, já haviam perdido três filhos nesta ocupação, uma tragédia familiar gigantesca. É bastante provável que, temendo que o quarto filho acabasse sendo também enviado a Coreia, cogitarem em envia-lo ao Brasil. Kunimatsu seria então um fugitivo de guerra, mas não por vontade própria, e sim por vontade dos pais.

Porem conta-se também que os pais de Kunimatsu não tinham condições de cria-lo, estariam em grandes dificuldades, estavam passando fome (a falta de alimentos era comum em vários países, na época) e optaram em envia-lo ao Brasil; a propaganda enganosa do governo dizia que aqui havia tanta terra e comida que bastava colher; que os frutos nasciam nas florestas, etc.

Entretanto, eu acho mais provável ter ocorrido a primeira hipótese (a da fuga da guerra), pois os pais de Kunimatsu pediram pela sua volta aos 35 anos de idade. Não teriam feito este pedido caso prevalecesse a segunda hipótese (a da fome).

Ao completar 35 anos, o cidadão japonês estava livre das obrigações militares. Conta Kunimatsu que os pais pediram a ele que voltasse ao Japão, tão logo completasse essa idade, aqui no Brasil. Assim, poderia retornar junto aos pais, passado o perigo de ser enviado aos territórios ocupados.

Segundo ele próprio, um irmão mais velho estaria trabalhando no Peru, como imigrante, e o plano inicial era envia-lo a este país, para se juntar ao. Irmão. Entretanto, o Peru fechou as portas para os imigrantes, restando a opção do Brasil.

O pequeno Kunimatsu embarca rumo ao Brasil

 

A exigência maior para imigração ao Brasil era de que somente grupos familiares de pelo menos 3 pessoas (marido, mulher; filho legítimo ou adotivo; irmão ou sobrinho) poderiam imigrar-se. Portanto, Kunimatsu-san não poderia embarcar sozinho, sem os pais; estes não desejavam vir ao Brasil.

Era comum então que se formassem “famílias” somente com o intuito de satisfazer essa exigência. Assim, bem ao estilo “jeitinho brasileiro”, eram realizados casamentos arranjados, e também filhos eram “adotados”.

Um casal vizinho de Kunimatsu, chamados de Ensaku e Tomeno Hajii,  pretendiam vir ao Brasil, e como não tinham filho, estavam impedidos de vir.  Foi feito então o arranjo : : “adotaram” Kunimatsu, e assim formou-se o grupo familiar minimo exigido para emigrar-se.

Tomeno era uma mulher já com 28 anos, casada,  e ainda não tinha filhos, o que não era comum na época. Há a possibilidade do casal ser impossibilitado de ter filho biológico, um dos dois era estéril. É por isso que não tiveram filhos aqui no Brasil, consequentemente a  geração do meu pai não teve tios nem primos.  

E foi então nesta condição, de “filho adotivo”. que Kunimatsu, aos 12 anos,  em 28/08/1913, embarcou no navio Teikoku Maru com destino ao Brasil, desembarcando no porto de Santos em 24 de outubro de 1913.

partida_de_Kobe 1930 MHIJPartida de um navio de imigrantes, em Kobe, Japão, 1930 . Fonte : Museu da Historia da Imigração Japonesa.

Os  imigrantes “adotivos”

Era pratica muito comum fazer adoção arranjada somente para fins de imigração. No inicio da corrente migratória, até 1915-16, 20% dos imigrantes eram “adotivos”, rapazes ou moças solteiras, que vinham sozinhos para o Brasil. As vezes, vinham encontrar demais familiares que já estavam aqui. 

A “casta” dos adotivos sofreu muito, por que ao chegar no Brasil, o casal que “adotou” poderia simplesmente abandonar o adotado, deixando-o completamente sozinho. Por acasião dos casamentos arranjados (myai), os “adotivos” eram preteridos, pois as familias das pretendentes procuravam candidatos entre os rapazes em “situação familiar normal”, e desconfiavam dos “adotivos”, pois não sabiam quem eram, de qual familia na verdade pertenciam. E também pesava o fato do adotivo não ter muito compromisso com os “padastros”, e vice-versa. Por fim, os pais das futuras noivas não queriam que suas filhas se casassem e tivessem sogro e nora desconhecidos.

Há registros de que os adotivos poderiam ter sofrido bullying devido a sua condição.

Por tudo isso, há indicios de que a prática de “adoção arranjada” foi proibida no Japão a partir de 1916, após  este ano era raro encontrar registro de embarque de “adotivo”.

O navio Teikoku Maru

Teikoku Maru

O navio foi construido pelo estaleiro ingles Alexander Stephen & Sons Glasgow, sob encomenda da empresa de navegação The Peninsular and Oriental Steam Navigation. Era um vapor misto, de transporte de cargas e passageiros. Ideal, portando para imigrantes.

Lançado ao mar em 1894, com o nome de “Mazagon”.

Teikoku Maru - MHIJB-SP

Em 1907 foi vendido para a empresa British India Steam Navigation Company Ltd.; em 1913 revendido para Minami Manshu Kabushiki Kaisha, que o rebatizou como “Teikoku Maru”. Neste mesmo ano, realizou a viagem ao Brasil, trazendo o imingrante Kunimatsu Hajii.

Em 1918, o navio foi novamente revendido para o Governo Frances, que o usou para fins militares e o rebatizou como “Saint Nicholas”. Em 18/12/1922 encalhou em Benodet, França. No ano seguinte, foi desmontado na cidade de Brest, próximo ao local do encalhe, e vendido como sucata.

Teikoku Maru foi o sétimo navio de imigrantes a chegar no Brasil.

Primeiros navios a chegar e número de imigrantes :

1908 – Kasato Maru 780

1910 – Ryojun Maru 960

1912 – Kanagawa Maru 1.412

1912 – Itsukushima Maru 1.432

1913 – Daí-no-Unkai Maru 1.506

1913 –Wakasa Maru 1.588

1913 – Teikoku Maru 1.913

1913 – Wasaka Maru 1.808

Esta é a última pagina da lista de passageiros da viagem de 1913 :

Nome do Navio Teikoku-primeira pagina MR

Detalhe da última pagina, com nome do navio e data da partida (28/08/1913) :

Nome do Navio Teikoku-primeira pagina0001-detalhe

A lista de passageiros do Teikoku Maru

 

Há alguns meses, precisei de uma cópia da minha certidão de nascimento. Fui nos arquivos da empresa, e lá estava ela. Na certidão, li : “Avô paterno – Kunimatsu Hagi ”. Levei um susto, desconhecia esse nome; fiquei até com vergonha de mim mesmo. Quem foi essa pessoa ? Quando e como chegou ao Brasil ? Resolvi pesquisar, e acabei encontrando Kunimatsu Hajii na lista de passageiros do Teikoku Maru.

Esta é a primeira pagina da lista de passageiros, onde consta a data da chegada, 24/10/1913:

Lista geral teikoko Pagina 01(Clique sobre a imagem para aumentar)

Kunimatsu era o passageiro número 467 da lista, na página 12 :

Lista de passageiros pagina 12-MR1

Fonte : www.memorialdoimigrante.org.br

Detalhe desta página :

Lista de passageiros pagina 12-detalhe

Para quem quiser conferir a lista toda :

Lista-de-passageiros-Teikoku-Maru

A localização foi facilitada devido ao fato de que  “Kunimatsu” não é um nome comum. É um nome raro, com pouquíssimos homonimos (xarás).

Detalhe importante :  na lista aparece a idade de Kunimatsu, 13 anos. Porem é certo que ele nasceu em 1901, portanto teria 12 anos na verdade. A explicação é que na época era regra adicionar +1 ano à idade cronológica. A explicação era de que a pessoa nascia na concepção. Portanto, quando a mãe dava luz, a criança já estava na verdade com 1 ano.  Essa pratica, de adicionar 1 ano à idade real, não existe mais nos dias de hoje.

A Hospedaria dos imigrantes

 

Inaugurada em 1887, a Hospedaria de Imigrantes se tornou a principal hospedagem destinada a abrigar os imigrantes recém-chegados. A Hospedaria – hoje sede do Museu da Imigração do Estado de São Paulo – abrigou mais de 2,5 milhões de imigrantes até fechar em 1978. E em 1998, passou a abrigar o Memorial do Imigrante.

Ao longo de seus 91 anos, a Hospedaria acolheu e encaminhou os imigrantes aos novos empregos. Para isso, o prédio contava com a Agência Oficial de Colonização e Trabalho. Além de alojamento, disponibilizava farmácia, laboratório, hospital, correios, lavanderia, cozinha e setores de assistência médica e odontológica.

Hospedaria dos imigrantes1

fonte : www.al.sp.gov.br

Os passageiros do Teikoku Maru entraram na hospedaria dia 24/10/1913, no mesmo dia do desembarque. Como desembarcaram 1946 imigrantes, imagine a bagunça no local neste dia.

O livro do link é o registro de hospedes. Veja a pagina 24, numero de ordem 3110, é aonde começa o registro do navio Teikoku Maru – veja as colunas “Vapor” e “Data da entrada na hospedaria”  (fonte: Museu da Imigração) :

Pagina_24_Livro_Museu_Imigracao

Eu consultei toda a lista dos hospedes que desembarcaram do Teikoku Maru, mas não encontrei nenhum dos Hajii. Infelizmente a lista do museu está incompleta. A lista começa na pagina 24 e termina na 31, são 8 paginas completas e apenas 380 registros dos 1946 imigrantes que desembarcaram no Teikoku Maru. A 31ª. Pagina está completa, portanto supõe-se que o encarregado do registro, exausto, deve ter pensado o seguinte: “vou terminar esta página e encerrar o expediente”. No dia seguinte, ao retornar ao trabalho na hospedaria, os imigrantes já tinham ido embora, deixando a lista incompleta. Kunimatsu Hajii com certeza passou pela Hospedaria dos Imigrantes.

Veja as paginas 31 e 32 :

Pagina_31_Livro_Museu_Imigracao

Pagina_32_Livro_Museu_Imigracao

 

Hospedaria dos imigrantes-camas

Hospedaria dos imigrantes-beliches

Hospedaria dos imigrantes-dormitorio

Fonte Museu Historico Imigracao-Imigrantes esperam acomodacoes circa 1930

Imigrantes japoneses esperam por acomodações

Hospedaria dos imigrantes- japoneses se preparam viagem aas fazendas

Imigrantes japones fazem as bagagens para embarque rumo às fazendas

Hospedaria dos imigrantes-cozinha

Familia Hajii segue para região Mogiana

 

Após desembarque, os Hajii (Ensaku, Tomeru e Kunimatsu)  foram enviados para a região Mogiana. Esta região tem esse nome, pois foi muito influenciada pela empresa Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, que construiu a ferrovia ligando o litoral até esta região.

Os Hajii foram para a cidade de Ituverava, trabalhar em alguma fazenda, certamente de café. A cidade, fundada no início do século XIX, era uma pequena vila que servia de local para descanso para os tropeiros que se dirigiam ao interior de Minas Gerais.

estado-sao-paulo

Os Marubayashi chegam em Ituverava

 

Em 1918 a família Marubayashi se estabelece em Ituverava, onde arrendaram terras. A chegada desta família muda radicalmente os destinos de Kunimatsu.

A cultura do café antigamente era feita com pouco adensamento, isto é, com bastante espaço entre as árvores. Formavam-se então corredores largos entre as fileiras de pés de cafés, e esse espaço era destinado para facilitar a colheita. O pé de café leva 4 a 5 anos do plantio até a primeira colheita. Durante esses anos, e também nos períodos de entressafra, os imigrantes ganharam a permissão (ou fizeram isso a revelia) para plantar outras culturas nessas fileiras. Ora, era melhor ter feijão, milho, verduras, etc, do que ervas daninhas, devem ter pensado os fazendeiros. Assim, os imigrantes colhiam essas culturas, obtendo lucro com isso. Esse dinheiro era poupado, e mais tarde usado para arrendamento ou compra de terras.

Com os Marubayashi, chega um rapaz, então com 14 anos. Ele desembarcou com os Marubayashi em Santos, 1912, um ano antes da chegada de Kunimatsu. Se chamava Shigueta, e era 1 ano mais velho que Kunimatsu. Tal qual Kunimatsu, Shigueta veio na condição de “filho adotivo”.

São muito grandes as probabilidades desses dois rapazes, Shigueta e Kunimatsu, terem desenvolvido fortes laços de amizades. Eram da “turma dos adotivos”, tinham quase a mesma idade. A comunidade nipônica era muito unida, e certamente os dois se encontraram em algum kaikan (clube japonês), gakkô (escola de lingua e escrita japonesa), undokkay, etc. Podem ter sidos amigos inseparáveis, como veremos a seguir.

Shigueta Marubayashi
Shigueta Marubayashi, foto década de 30. Fonte: site da familia Marubayashi.

Os Marubayashi mudam-se para Ribeirão Grande

 

 Em 1923 Kiujiro Marubayashi-san, chefe da família, com as economias de 6 anos de trabalho em Ituverava, decide comprar terras. Finalmente, o grande sonho se realizava, de ter suas próprias terras ! Porem os preços das terras na região Mogiana eram muito altos, por isso Kiujiro desceu para o sul, em busca de terras baratas. Chegou a Santo Antonio da Platina, Pr, mas não gostou das terras de lá. Acabou optando por uma região nova, totalmente inexplorada, um local chamado Riberão Grande, a 15 km da cidade de Paraguaçu Paulista. Ali os preços das terras eram insignificantes na época, e também havia uma grande vantagem, eram terrenos legalmente regularizados.

Decidiu então desbravar a região; não querendo ir sozinho, e com a intenção de formar uma pequena sociedade, um núcleo cultural e social, decidiu formar um grupo de imigrantes. Juntos, formariam uma nova “colônia” no sul de São Paulo. Porem os componentes desse grupo deveriam ter algum capital guardado, para compra de um lote de terras.

Kiujiro conseguiu levar um grande grupo para Ribeirão Grande. Entre eles, estava Kunimatsu, provável amigo de seu filho adotivo Shigueta.

Foi assim que em 1924 Kunimatsu adquiriu 10 alqueires de terras em Ribeirão Grande, a 15 km da cidade de Paraguaçu Paulista. Segundo a tia Toshiko, “Ribeirão Grande” na verdade era um riozinho bem pequeno, deveria ser chamado de  “Ribeirinho Pequeno”.

As fotos que seguem abaixo são da nova colonia, Ribeirão Grande. Foram extraidas do site de familia Marubayashi.

Kiujiro Marubayashi

Kiujiro Marubayashi

foto19Casa dos primeiros colonos. Kunimatsu Hajii pode ter morado em uma dessas casas.

DEsmatamento1 Desmatamento terras – Paraguaçu Paulista

Desmatamento2Roça de milho – Paraguaçu Paulista

Casa dos colonos - Cópia A foto do casal Kunimatsu/Kinue Hagy parece que foi tirada em frente a uma dessas casas. A altura da janela, a distancia entre a porta e janela e a construção usando tronco de madeiras, tudo coincide. As casas eram todas iguais.

Obaa-chan Kinue Hagy

 

Obaatchan Kinue Harada

Seria uma injustiça imperdoável falar do clã Hagy sem mencionar obaa-chan (おばあちゃん) Kinue Harada-san, minha avó paterna. Infelizmente, pouca coisa consegui descobrir a respeito dela. Nascida em 1907, casou-se com ojii-chan (おじいちゃん) Kunimatsu em 1926, entre 18 e 19 anos.

A família Harada, da qual Obaatchan pertence, vivia na China, onde eram comerciantes. Na década de 1920, parte da China era dominada pelos japoneses. Muitos deles receberam incentivos para mudarem-se para China, a fim de consolidar a invasão. O casal Harada mudou-se para lá, e ali prosperaram como comerciantes. Existe a hipótese de que Kinue teria nascido na China, e não no Japão. Conta-se que quando era criança, era levada para escola carregada nas costas de um empregado chinês. Provavelmente mais tarde, já crescida, ia carregada em liteira (cadeira portátil) ou em riquixá. O chefe da família teria perdido muito dinheiro em carteado (jogo); falido e provavelmente endividado, resolveu mudar-se para o Brasil.

Riquixá chines antigo
Um riquixá na China antiga. Obaa-chan deve ter andado num desses.

Kunimatsu solteiro

Havia no Brasil muitos rapazes imigrantes solteiros. O casamento “inter-racial”, com “gaijins” ainda era tabu, e em determinadas épocas ou locais havia falta de moças japonesas para se casarem com os rapazes. Kunimatsu havia adquirido terras no sul de São Paulo, em Ribeirão Grande, tinha algum dinheiro guardado e desejava casar-se. Como em Ribeirão Grande não existia colonia japonesa ainda, o grupo que para lá ia se mudar seriam os pioneiros. Portanto, se Kunimatsu se mudasse para lá solteiro, encontraria dificuldades enormes para se casar com uma japonesa.  Resolveu, ou então alguem alertou sobre este detalhe, casar-se antes de migrar para as novas terras.

Recorreu então a um nakodo (casamenteiro, pessoa que promove casamentos arranjados). Essa pessoa, era (e ainda é nos dias de hoje) sempre um senhor respeitável, em geral um dos mais velhos da colônia japonesa. Era ele a quem recorriam os japoneses e japonesas solteiras que queriam arranjar noivo/noiva. Porem o mais comum era os pais solicitarem ao casamenteiro noivo/noiva para seus filhos.

Entretanto, não havia moças solteiras em idade de se casar na região, e por isso o casamenteiro sugeriu a Kunimatsu que fossem até ao porto de Santos esperar a chegada de navios trazendo imigrantes ao Brasil. Outros dois rapazes solteiros, também desejando encontrar noiva, juntou-se a eles. Foram então os quatro ao porto de Santos, e ali ficaram a espera da chegada de navios.

Chegou então o Kanagawa Maru, em 06/10/1925, e desceu dele a família Harada. Kunimatsu viu então uma moça bonita, pequena e de traços delicados. Deve, entre tímido e discreto, ter apontado o dedo e dito ao casamenteiro “...é aquela”. Foi o primeiro encontro do casal Kunimatsu e Kinue. Porem os dois outros rapazes também tiveram interesse pela moça. O casamenteiro, decerto com muito talento, dirigiu-se ao chefe da família, apresentou os rapazes e mencionou o interesse deles em se casar com a filha. Consultada, a moça quis conhecer melhor os rapazes. O casamenteiro descreveu todos, certamente destacando suas qualidades e elogiando todos. Porém a jovem Kinue quis saber qual deles era o mais trabalhador, ao que o casamenteiro respondeu que Kunimatsu era muito trabalhador e já tinha até adquirido um bom lote de terras no sul de São Paulo.

Kinue pediu tempo para pensar, e seguiu com a família para a fazenda que fora destinada à família. Alguns meses depois o casamenteiro visitou a família, e perguntou se a jovem Kinue já tinha se decidido sobre os rapazes. Escolheu então Kunimatsu, por que viu nele melhores perspectivas para o seu futuro. Era trabalhador e já proprietário de terras. E assim consumou-se o casamento, e graças a essa história estou aqui escrevendo ela, pois sou descendente direto dela.

Quem contou essa interessante história foi a minha tia Toshiko, e há fortes indícios de que ela seja verdadeira. Pode-se dizer que não há nada de extraordinário nessa história, pois naquela época, mesmo no Japão, quase todos os casamentos eram arranjados.

Cronologia 

Provavelmente o casamento seguiu esta cronologia :

06/10/1925 – Kinue chega ao Brasil, e já ao desembarcar é assediado pelo casamenteiro, que apresenta-lhe Kunimatsu, seu futuro marido.

Entre 11/1925 a 12/1925 – o casamenteiro entra em contato com a família Harada, e Kinue decide casar-se com Kunimatsu;

Em 1926 – os dois se casam

Em 02/1927 – Kinue engravida do primeiro filho, um ano e 4 meses depois de seu desembarque no Brasil. 

Em 09/11/1927 – nasce o primeiro filho do casal, Yukinori.

Kunimatsu e Kinue Hagi
Kunimatsu Hagy e Kinue (Harada) Hagy.

Kinue Hagi - sem data
Kinue Hagy, sem data

Toda família que se preza tem seus chiliques, picuinhas e brigas. Conta-se que Kunimatsu era muito severo e temperamental. Por alguma razão e em uma data que desconhecemos, após o casamento com Kinue, brigou com a famíla dela. Romperam as relações, e por isso meus tios não tiveram muito contato com os primos (filhos dos irmãos da obaa-chan Kinue). Somente após a morte de Kunimatsu é que os Hagis e os Haradas voltaram a se reunir.

A chegada do Kanagawa Maru

Com alguma dificuldade (estava pesquisando o sobrenome “Harada”) descobri os registros de desembarque da família “Harata”, grafado erradamente.  Os Haradas desembarcaram do Kanagawa Maru, no porto de Santos,  em 06/10/1925.

Lista Kanagawa Maru com detalhe

A família, como pode ser visto acima, era composto do casal e 7 filhos :

Kanjiro – chefe da familia, 41 anos, meu bisavô;
Sumi    – esposa de Kanjiro, 40 anos, minha bisavó;
Kinue   – filha mais velha, 19 anos, minha avó;
Kaoru  - filho mais velho, 16 anos;
Shigueru – filho, 13 anos;
Mamoru – filho, 10 anos;
Sakae – filha, 6 anos;
Sakye – filha, 2 anos; e
Shizumaru – filho, 2 anos (gêmeo de Sakye)

Lista de passageiros primeira pagina-detalhe
Detalhe da primeira página da Lista Geral de Passageiros, com a data da chegada em Santos, 06/10/1925, no canto superior direito.

Os Haradas na Hospedaria dos Imigrantes

No mesmo dia do desembarque, a família Harada seguiu para a Hospedaria dos Imigrantes, em São Paulo. É muito provavel que o casamenteiro e os pretendentes seguiram juntos com a familia, a fim de estreitar os laços, e se conhecerem melhor. Abaixo, o registro da entrada da família na hospedaria.

Livro Hospedaria - pagina Haradas

Livro Hospedaria-detalhe data
Registro de entrada de imigrantes na Hospedaria, pagina com a data do registro dos Haradas, 06/10/2015.

Familia Harada 12
Família Harada, sem data. Acervo de Sadako Tsuda Hagy.

 

Familia Harada

Quero aqui deixar meus agradecimentos às tias Sadako, Tomoko e Toshiko pela informações e fotos; sem elas não seria possivel este post.

Pequena curiosidade :

Kanagawa Maru-nota

Em 07 de outubro de 1925, um dia após a chegada do Kanagawa Maru trazendo a família Harada, o jornal “O Globo” publicava essa pequena notícia.

 

 

 

Kunimatsu casa-se e forma familia

 

Em 1926, aos 25 anos Kunimatsu casou-se com a jovem Kinue Harada-san, 19 anos. Tiveram 12 filhos no total, sendo 6 mulheres e 6 homens; porem um deles faleceu 4 meses após o nascimento.

A relação dos filhos segue em postagem posterior. O primeiro filho nasceu em Ituverava. Os 3 seguintes nasceram em Paraguaçu Paulista. Algum tempo depois, por volta de 1932, Kunimatsu vendeu a propriedade e comprou outras terras, proximo dali, onde hoje é o municipio Oscar Bressane, Sp.

estado-sao-paulo

Em Oscar Bressane, Kunimatsu montou uma pequena granja, para as filhas tocarem; pois alegou que “o trabalho na roça é muito pesado para as meninas”. Produziam ali 4 a 5 caixas de ovos semanalmente, que eram vendidas a uma cooperativa local. Alem de é claro, haver ovos à vontade, para consumo proprio.

Oscar Bressane c 1946 mr Esta foto data de mais ou menos 1944-1946. Sitio dos Hagys, em Oscar Bressane. A esquerda, Kunimatsu. O rapaz a direita é o meu pai, Hagemo. As meninas, da esquerda para a direita, arrisco dizer que são as minhas tias : Tomoko, Fumiko e Mitiko.


Kunimatsu não atendeu ao pedido feito pelos pais, de voltar ao Japão ao completar 33 anos. Até ganhou uma passagem de ida e volta ao Japão, oferecido pelo Banco América do Sul. Preferiu recusar o presente. Não tinha mais razão para voltar ao Japão, tinha prosperado no Brasil, formado familia, etc.,  não voltaria mais a morar no Japão. Imagino que os pais ficaram muito contente com o sucesso do filho, pois para o japones do Japão, naqueles tempos difíceis, era inimaginavel alguem ter 10 alqueires de terra, arvores frutíferas, horta, plantações, centenas de galinhas, vacas, cavalos, porcos, ovos a vontade...

Aos 50 anos, Kunimatsu sofreu um AVC (Acidente vascular cerebral), que o deixou com graves sequelas. Faleceu 7 anos depois, em 1958. Tinha eu, autor deste blog, 1 ano de idade.

E aqui termino a história deste corajoso imigrante, que saiu de casa aos 12 anos de idade, sozinho; para fazer a vida sol-a-sol num pais distante e desconhecido !

Os Hagis de 1912

Os misteriosos Hagis de 1912.

Em 25/04/1912, portanto mais de um ano antes de Kunimatsu Hajii desembarcar no Brasil, duas famílias Hagi chegaram ao Brasil, a bordo do Kanagawa Maru.

Este é o registro de bordo dessas duas famílias :

Johei Hagi-MR

Família 1 :
Matsuju Hagi 31 anos, Chefe da família
Tome Hagi 27 anos, esposa
Michiko Hagi 03 anos, filha
Jihei Hagi 01 ano, filho

Familia 2 :
Johei Hagi 23 anos, chefe da família
Nomi Hagi 26 anos, esposa
Tame Hagi 14 anos, filha adotiva
Koichi Hagi 01 ano, filho

Muito provavelmente Tame Hagi era adotiva por conveniência.

Há uma triste hipótese sobre os meninos, Jihei e Koichi, ambos então com apenas 01 ano. A mortalidade infantil na época era muito grande. As duas famílias foram enviadas para o interior de São Paulo, na década de 1910. Naquela época, contraia-se malária, varíola, febre-amarela, diarreias; e todo tipo de enfermidade. Um simples ferimento poderia evoluir para séria infecção, devido a falta de antibióticos. Não havia saneamento, água tratada, e o acesso a assistência médica era praticamente impossível. Os meninos podem ter falecidos, ficando somente as meninas, que ao se casarem trocaram de sobrenome.

 

Os Hajii de 1929

 

Em 27/06/1929 desembarcou em Santos uma família Hajii, provavelmente parente dos Hajii que trouxeram Kunimatsu.

Vieram a bordo do navio Santos Maru. Pesquisei na internet, não há registros de Hajiis no Brasil. Essa ausencia de descendentes Hajiis brasileiros apontam para duas hipóteses :  retornaram todos ao Japão; ou faleceram todos aqui no Brasil sem deixar descendentes, uma hipotése triste e trágica, porem possivel.

O registro de embarque dessa família Hajii está neste arquivo (relação de passageiros do Santos Maru) , pagina 14, passageiros 410 a 414.

Lista_passageiros_Santos_Maru_1929

Abaixo, a pagina do registro dos Hajii :

Hajiis 1929MR-gr

Hajiis 1929-detalhe

Descendentes de Kunimatsu Hagi e Kinue Hagy

Esses são os frutos desta história que começou há  mais de 100 anos :

(obs-ultima atualização : 04/2021)
 

  • 1ª. Geração – Nisseis
  • filhos de Kunimatsu Hajii e Kinue Harada
  • (Todos irmãos – as irmãs estão com o sobrenome de casada – entre parentesis é o nome de batismo católico – lista completa )
  • Yukinori Hagi
  • Hagemo Hagi (José Carlos)  (1971+)
  • Sadako Tsuda (Cristina) 
  • Fumiko Saiki  (Marta)
  • Kiyuchi Hagy
  • Tomoko Hagi (Antonieta)
  • Toshiko Nagano (Isabel)
  • Mitiko Kuwahara
  • Haruko Hagi (Maria)
  • Takumi Hagi  (1971+)
  • Iassuo Hagi  (2016+) 
  • 2ª. Geração – Sanseis
  • Netos de Kunimatsu Hajii e Kinue Hagy (lista completa – todos)
  • (Primos/ irmãos entre si)
  • Mauro Kiyoshi Hagi   (1955 *  2020 +)
  • Claudio Massauki Hagi
  • Waldir Yoshiyuki Hagi
  • Nilton Tadashi Hagi
  • Marli Hitomi Hagi
  • Rosa Tomiko Hagi
  • Massaru Hagi
  • Mamoru Hagi
  • Lucia Keiko Hagi
  • Edna Emiko 
  • Massao
  • Paulo Hagi
  • Hanna Hami
  • Diná Harumi Nagano (c. 1964 * 2017+)
  • Mario Takeo Nagano
  • Marilda Hagy Girotto
  • Sidney Hagy Girotto
  • Karin Kyo Hagi
  • Alessandro Kiyu Hagy
  • Debora Hagy
  • Renato Hagy
  • Elcio Kuwahara  (2019 +)
  • Marcos Kuwahara 
  • Ivy Kuwahara Menezes
  • Koiti Tsuda
  • Valter Fumio Saiki (2021+)
  • Claudio Kazuo Saiki
  • Milton Mitsuo Saiki
  • Marcílio Yoshio Saiki
  • Alice Aiko Saiki
  • Marina Meiko Saiki
  • Karen Mecchi Hagy
  • Kinue Hagy
  •  
  • 3ª. Geração – Ionseis
  • bisnetos de Kunimatsu Hajii e Kinue Hagy
  • Renan Eiji Hagi
  • Julien Hagi
  • Marcele Hagi
  • Fernanda Tyaki Hagi Turra
  • Rafael Hideki Hagi
  • Nathalia Tyomi Hagi
  • Rômulo Hagi
  • Luigi Hagi
  • Sofia Hagi
  • Isabel Hagi Oda
  • Victoria Hagi Oda
  • Stela Augusta Hagi Oda
  • Tommi Hagi de Nunzio
  • Rikki Hagi
  • Yasmin Harumi
  • Carol Hagy Girotto
  • Camila Hagy Girotto
  • Igor Hiroshi Hagy
  • Pietro Hagy 
  • Giovani Hagi
  • Thiago H Hagi
  • Sarana Hagi
  • Nicollas Hagi
  • Keiko Hagi
  • Milena Hagi
  • Érica Tsuda
  • Ricardo Tsuda
  • Giane Hagi Furukawa
  • Jessica Helen Hagi
  • Kazumi Harumi Hagi
  • Josiane Hagi
  • Renan Mackawiak Saiki
  • Matheus Menezes
  • Marcelo Saiki (2017+) 
  • Gabriela Saiki
  • Daniela Yumi Saiki
  • Danilo Yukio Saiki
  • Bruno Marquesini Saiki
  • Murilo M. Saiki
  • Natalia M. Saiki
  • Leonardo Czerpicki Saiki
  • Lucas Saiki
  • Lucas Kenji Hagy
  • Enrico Akira Lembo Hagy
  • Giulieta Sayuri Lembo Hagy
  • Arthur Nobre Kuwahara
  • Bárbara Kuwahara
  • Ana Carolina Stecklberg Hagy Constante
  • Kenzo Henrique Steckelberg Hagy Constante
  • Klauss Steckelberg Hagi Hagy Constante
  •  
  • 4ª. Geração – Gosseis
  • Trinetos de Kunimatsu Hajii e Kinue Hagy

  • Artur Hagi Turra
  • Cecilia Hagi Turra
  • Isabeli Hagi
  • Nathan Ryuki Furukawa
  • Pietro Saiki
  • Lara Hagi
  • Kawan Henrique Hagi (n. 1998)
  • Kaiky Gabriel Hagi (n. 2003)
  • Lorenzo Saiki (n.2018)
  • Olivia Hagi Gardini (n. 2021)
  • Beatriz Hagi Alcântara  (n. 2019) 
  • Pedro Boestelmann Hagi (n.2021)

  • 5ª. Geração – Rokusseis
  • Tataranetos de Kunimatsu Hajii e Kinue Hagy
  • Cristian Hagi Santos
  • Thales Henrique Santos
Atenção : esta lista esta incompleta, e também pode conter erros. Aqueles que por algum motivo queiram ter seu nome excluido desta lista, favor solicitar. Agradeçeria àqueles que queiram colaborar com correções e complementos; aqueles que quiserem a lista em forma de arvore genealogica (que também não está completa) podem solicitar-me; segue e-mail :
Claudio Hagi
 
Para elaborar esta lista, contei com a ajuda das minhas primas Tomiko Hagi,  Alice Saiki e Marilda Hagy Girotto; e da minhas tias Marta, Sadako e Toshiko,  obrigado a todas !

Não somos Hagys ?

O casal que “adotou” Kunimatsu se chamava Hajii. Há grande probabilidade de que Kunimatsu não fosse um Hajii, tivesse outro sobrenome, E adotou o sobrenome do casal vizinho, somente para fins de adoção e imigração. Se Kunimatsu fosse de fato um membro da família Hajii viria ao Brasil na condição de “sobrinho”, “primo”, “irmão”, etc., não viria como “Adotivo”.

A intenção era voltar ao Japão e nesta volta provavelmente iria assumir o sobrenome antigo. Porem essa volta não aconteceu.

Portanto existe a hipótese de não sermos Hagys, descendemos de uma família no Japão cujo sobrenome não sabemos !

Ao registrar o nascimento dos seus filhos, a grafia foi alterada, de “Hajii” para “Hagi” ou “Hagy”; naquela época os escrivãos de cartórios não eram cuidadosos.

Entretanto, a pessoa que redigiu a relação de imigrantes do navio .(nome do navio) era japonês, pois nota-se que a grafia dos nomes da relação estão bastante corretas. Essa pessoa, ao grafar “Hajii”, deve ter tomado o cuidado de se certificar que não estaria escrevendo o nome errado.

Quem sabe, não somos descendente de uma família bilionária no Japão, e deixamos de herdar milhões ?

Quem sou

 

O autor deste blog :

Claudio Massayuki Hagi – sou filho do Hagemo Hagi, segundo filho de Kunimatsu Hagi, portanto, neto do mesmo.  Moro em Curitiba, Pr.

Meu e-mail : cmh@netpar.com.br

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